As celebrações juninas tradicionais já acontecem por todo o Nordeste brasileiro. Em meio às comidas típicas, musicalidade e elementos característicos dos festejos, outra tradição se destaca: os fogos de artifícios. Entretanto, a combinação desses artefatos explosivos com as fogueiras e o consumo de álcool merece atenção especial para evitar acidentes e queimaduras.
De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), historicamente, o mês de junho é o que concentra mais ocorrências desse tipo. Ao longo de 2024, foram registradas 75 internações em decorrência de queimaduras, sendo 32% somente em junho. Em 2023, este mês concentrou 30% das 69 internações do ano.
O médico clínico-geral e cardiologista Bruno Andrade, professor do Centro Universitário UniFG, integrante do ecossistema de educação médica Inspirali , destaca os riscos envolvidos em acidentes com queimaduras e as medidas que precisam ser tomadas imediatamente após as ocorrências.
De acordo com o cardiologista, as queimaduras podem causar desde simples cicatrizes superficiais até reduções teciduais importantes, com perda funcional do membro afetado. “A intensidade da sequela vai depender de alguns fatores como por exemplo a extensão da área afetada, o grau de tratamento dos tecidos e se a abordagem terapêutica foi realizada de forma adequada”, explica.
O professor da UniFG aponta, ainda, qual o tratamento inicial e as medidas que devem ser tomadas imediatamente após acidentes que resultem em queimaduras. Não que se refira a queimaduras leves, por qualquer que seja o meio, o médico aponta que a área afetada deve ser lavada com água corrente fria, com jato suave, por cerca de 10 minutos. “Também é indicada a colocação de compressas úmidas e frias. Não se deve tentar remover sujeira ou eventualmente corpos estranhos aderidos à superfície queimada. Além disso, nenhum produto caseiro deve ser colocado sobre uma área afetada, como por exemplo, manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância”, aconselha o médico.
Já em caso de queimaduras mais graves e extensas, a vítima deve ser levada com urgência ao serviço médico mais próximo. “As medidas iniciais são mais efetivas quando iniciadas precocemente”, alerta Andrade.
Tratamento
Segundo elucida o médico, o tratamento das queimaduras envolve desde medidas gerais, como limpeza adequada, analgesia, necessidade ou não de terapia antibiótica, administração de vacina antitetânica (reforço), prevenção de eventos tromboembólicos e de lesões agudas da mucosa gástrica, realização de curativos que podem ser expostos ou oclusivos, até a necessidade de procedimentos cirúrgicos.
“Faz parte do atendimento inicial à vítima de queimadura o protocolo ABCDE do trauma, com avaliação de vias aéreas, respiração, circulação, avaliação do nível de consciência e exposição. Outro aspecto importante da abordagem à vítima grave de queimadura é a ressuscitação volêmica adequada, que requer uma estimativa da superfície corporal afetada pela queimadura”, finaliza o professor.