Ricardo Nunes (MDB) é reeleito prefeito de São Paulo. No segundo turno da eleição municipal pela prefeitura da capital paulista, neste domingo, 27, ele venceu Guilherme Boulos (PSOL). Com mais quatro anos de um candidato de direita no posto, a esquerda chegará a 12 anos sem um representante eleito.
Com 90,30% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nunes está com 59,55% (3.100.134) dos votos válidos, enquanto Boulos apareceu com 40,45% votos (2.105.195). O resultado se deu por volta de 18h45 horas deste domingo, 27. Foram 392.842 votos nulos e 212.933 brancos.
A votação não foi tão apertada quanto a do primeiro turno, a mais acirrada da história em São Paulo, quando o resultado entre Nunes, Boulos e Pablo Marçal (PRTB) se deu com 99,52% das urnas apuradas e o ex-coach ficou de fora da corrida eleitoral por 0,93 ponto percentual.
O resultado se deu com ainda mais “folga” do que as pesquisas eleitorais projetaram. Nunes já aparecia à frente de Boulos nos levantamentos feitos no segundo turno — mesmo tendo registrado oscilações para baixo ao longo dos últimos dias, enquanto Boulos oscilou para cima.
Mesmo em meio ao apagão –que deixou mais de 2 milhões de residências sem luz e chegou a durar mais de 6 dias–, o emedebista se beneficiou do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), bem como da alta rejeição do adversário, que teve a aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a vitória inédita para o MDB, que consolida o crescimento da direita na mais rica e populosa cidade do Brasil, Nunes se une a Gilberto Kassab (PSD) e Bruno Covas (PSDB) na lista de mandatários que conseguiram comandar duas vezes a Prefeitura de São Paulo.
Desde a redemocratização, em 1985, a cidade teve 11 prefeitos diferentes e nenhuma reeleição. Kassab e Covas não foram propriamente reeleitos, já que eles assumiram o posto como vices em seus primeiros mandatos. Essa é a mesma situação do atual prefeito –que assumiu o cargo após a morte de Covas, em maio de 2021.
Crescimento da direita e o colapso da esquerda em São Paulo
O resultado das urnas amplia a sequência de vitórias da centro-direita em São Paulo, que não é comandada por um político de esquerda desde 2016, fim do mandato de Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda.
Há 8 anos, Haddad perdeu a reeleição para João Dória (PSDB), que ficou à frente da Prefeitura de São Paulo de 2017 a 2018. O tucano deixou o cargo para concorrer ao cargo de governador do Estado, abrindo caminho para o vice Bruno Covas, que conseguiu a reeleição e governou até a sua morte em 2021, quando Ricardo Nunes assumiu o mandato.
O PT –a sigla mais vitoriosa na capital paulista junto com o PSDB– tem tido dificuldade em frear o crescimento da direita na cidade. Em 2020, tendo Jilmar Tatto (PT) como candidato, o partido ficou em sexto lugar na disputa, o pior desempenho de primeiro turno da história do PT na capital. E, agora, teve a primeira eleição sem um candidato do PT concorrendo ao cargo de prefeito. A estratégia do partido foi apoiar Boulos e lançar Marta Suplicy (PT) como sua vice, no retorno da ex-prefeita ao partido após cumprir mandato no MDB.
Desde 1992, primeiro ano em que foi realizado o 2º turno na capital paulista, todas as eleições municipais tiveram dois turnos, com exceção a de 2016–quando Doria venceu Haddad, que buscava a reeleição. No total, foram oito disputas. E, em sete delas, o candidato que se destacou na primeira rodada venceu a eleição – já contabilizando a deste ano, em que Nunes repetiu o feito.
Por Terra