O incêndio de uma lancha no dia 16 de novembro de 2017 ainda segue sem solução. O fogo que destruiu o barco de nome “Athena”, com valor de R$ 7,9 mi, resultou no indiciamento de dois homens que trabalharam na manutenção da lancha e, além disso, em um impasse jurídico entre vendedor e comprador da embarcação. Ao Bahia Notícias, o advogado Thiago Phileto Pugliese denunciou um possível erro no processo.
O entrave se deu por conta da venda da lancha pelo valor de 7.9 milhões, entre o empresário Nelson Taboada e a empresa Top Engenharia, representada por Alexandre da Cunha Guedes. O incêndio ocorreu durante a execução de atividades na embarcação, quando funcionários das duas partes tinham acesso ao barco, e apresentaram versões diferentes.
Modelo semelhante | Foto: Divulgação
“Fui contratado para o serviço de polimento e pintura. Nós começamos a trabalhar no barco, lixando e aplicando o polimento. No dia dos fatos, a gente recolheu as coisas por conta da campainha de acabar o expediente. A hora da Marina não pode ficar com ninguém. Quando estava já em casa, o marinheiro Francisco ligou falando que estava pegando fogo. Eu tinha saído às 17h. Não tem como uma máquina de polir pegar fogo. A regra da Marina é quando acabou o expediente, desligar tudo”, disse Altamirando, um dos funcionários da Top Engenharia.
Thiago, advogado dos acusados, revelou que quem estaria no local seria o preposto de Nelson Taboada, Eloilson, conhecido como “Buiú”. “Ele estava dormindo no barco. O barco fora da água tem que ficar com a tomada de cais ligada. Não sei como ele estava lá. Ele que estava lá. Ele foi ouvido de forma descompromissada pelo delegado. Mesmo tendo carteira assinada por Nelson, ele afirmou que era marinheiro de Alex Cunha Guedes. Eloilson, o Buiú, residia na lancha e estava dormindo de forma irregular lá. Qualquer faísca… Os seguranças disseram que ele tinha ido antes comprar alimentos e poderia estar cozinhando no barco. É uma injustiça com duas pessoas honestas e trabalhadoras”, disse.
“O delegado indiciou eles como um crime de potencial ofensivo. O Ministério Público e a juíza determinaram ao DEPOM, que tem uma estrutura. Realizamos uma série de novas diligências e ele retornou agora para uma das varas crimes e até hoje o MP não apresentou a denúncia correta. Porque Eloilson não está no na denúncia. Não foram finalizadas as etapas daquele contrato”, acrescentou ao BN.
Insatisfeitos com a ação, os funcionários da Top Engenharia e o representante da empresa ainda buscam um novo desfecho para a ação. “Vou provar a inocência deles dentro do processo. Como Alex pode ser vítima se não teve o pagamento, a tradição? Não foram finalizadas todas as etapas daquele contrato. Uma vez provado que foi Eloilson, mesmo que ocorrido o pagamento, a responsabilidade seria de Nelson. Ele estava guardando a mando de Nelson”, acusa Thiago.
Já a defesa de Nelson Taboada, representado pelo escritório Machado Bisneto, pontuou que “o laudo da perícia técnica realizada pelo Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil do Estado da Bahia concluiu que o incêndio foi causado por um superaquecimento provocado por folga ou soltura dos cabos da extensão que faziam a ligação da tomada localizada em terra ao transformador que alimenta a politriz utilizada pelos prepostos contratados pela Top Engenharia Ltda para execução dos serviços de polimento/lixagem, que terminaram sendo indiciados pelo crime de incêndio culposo pelo delegado responsável pelo inquérito que investigou os fatos”.
“Por força do contrato de compra e venda celebrado em 10/11/2017, no dia 13/11/2017, em cumprimento a cláusula contratual, a embarcação ‘Athena’, foi conduzida pelo marinheiro Eloilson Souza e entregue à compradora Top Engenharia Ltda, representada por Alexandre da Cunha Guedes Filho, no cais do estaleiro COREMA, quando a partir daí seriam realizados, sob responsabilidade e supervisão exclusivas da Top Engenharia Ltda., os procedimentos de docagem, inspeção de casco e descida da embarcação de volta a mar. Alexandre da Cunha Guedes Filho inclusive consignou por e-mail que o vendedor da embarcação, Nelson Taboada, não precisava se preocupar com a operação pois não havia registros de acidentes durante docagem e ainda sugeriu que faria um seguro para a operação, o que não ocorreu. Após concluída a sua tarefa de levar a lancha ‘Athena’ até o estaleiro, o marinheiro Eloilson Souza foi abordado por Alexandre da Cunha Guedes Filho que o contratou para ensinar o seu marinheiro, de prenome Francisco, os detalhes técnicos e operacionais da embarcação, solicitando que acompanhasse a lingada ficando ainda ajustado que, após concluído o treinamento, Eloilson Souza permaneceria trabalhando para a Top Engenharia Ltda. como marinheiro na lancha ‘Athena’ por um período, fato que é absolutamente corriqueiro quando se trata de embarcações de grande porte”, acrescentou em nota.
Ao BN a Polícia Civil revelou que concluiu o inquérito e encaminhou à Justiça. “O Ministério Público solicitou novas diligências, que foram cumpridas e o procedimento devolvido ao MP. O trabalho de Polícia Judiciária é finalizado com a conclusão do inquérito”, revelou em nota.
Por Bahia Notícias