Prêmio Braskem de Teatro reconhece resiliência dos artistas e avaliará espetáculos online

Adaptado ao cenário atual com as casas de espetáculos fechadas, o 28º Prêmio Braskem de Teatro avaliará as peças online produzidas por grupos baianos. A novidade revela a capacidade de resiliência da mais tradicional premiação das artes cênicas na Bahia, reconhecendo que o teatro não parou de respirar e se manifestar mesmo nesse momento atípico provocado pela pandemia.

“A classe artística foi duramente impactada pelas restrições impostas pela pandemia, mas mesmo assim se ressignificou e buscou novas formas de fazer arte. A Braskem acredita nessa capacidade de transformação das pessoas, por isso nosso esforço para continuar incentivando o teatro baiano e valorizando a força e dedicação dos artistas e de todos os profissionais que acompanham a cena teatral”, afirma Ana Laura Sivieri, diretora de marketing e comunicação da Braskem, que patrocina a premiação em parceria com o Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

O prêmio, que é realizado pela Caderno 2 Produções, contemplará peças baianas inéditas produzidas entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. Os espetáculos serão avaliados a partir desta quarta-feira, 1º, pela Comissão Julgadora formada pelo dramaturgo, roteirista, ator e apresentador de TV Aldri Anunciação; pela pós-doutora em artes cênicas e professora da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia Alexandra Dumas; pelo ator-performer, autor, diretor, professor e produtor Fabio Vidal; pelo artista, pesquisador e curador Felipe Assis e pela produtora e gestora cultural Virginia Da Rin.

Com as novas possibilidades proporcionadas pelo formato online, os jurados estão com boas expectativas para os novos espetáculos que chegam na cena teatral baiana. “Estamos testemunhando uma mudança de paradigmas e, portanto, acompanhando em tempo real as hesitações, contradições, dúvidas e soluções que têm ocupado os processos de criação e a pesquisa da linguagem”, avalia Felipe Assis. Para ele, apesar de perder as “soluções estéticas presenciais” que colocam público, artistas e obras no mesmo espaço físico, o ambiente online proporcionam recursos que podem apontar perspectivas reveladoras. “Acredito que, neste caso, podemos nos surpreender com os trabalhos e os novos pontos de contato que o teatro pode nos apresentar”, acrescenta.

Mais do que se adaptar ao novo suporte, a pós-doutora e professora Alexandra Dumas diz que os artistas conseguiram criar poéticas de encenação totalmente atravessadas pela imposição do distanciamento e isolamento social provocado pela pandemia. “Isso implica diretamente num panorama teatral contemporâneo com maior exploração e interseção de linguagens, pesquisas tecnológicas e experimentações corporais, interações cênicas com equipamentos de registros audiovisuais e de iluminação. Apesar de toda dificuldade, os artistas e criadores têm nos dado respostas interessantes”, explica.

Para Aldri Anunciação, essa edição do Prêmio Braskem de Teatro também terá a missão de balizar esse movimento experimental vivido pela arte cênica. “Acho muito importante abrir janelas de avaliação desse momento cênico online. Contribui como uma resposta técnica aos artistas que estão na cena online”.

As novas narrativas não são um desafio apenas para os diretores e atores, os jurados também terão que se ressignificar. “Devemos encarar como o compromisso de assistir e avaliar com outro olhar, diferente do olhar acostumado com o ambiente, o clima e a magia do palco-plateia.  Será preciso estar aberto e atento ao que os recursos audiovisuais podem revelar e proporcionar”, pondera Virginia Da Rin.

Como todos os espetáculos serão assistidos remotamente, os trabalhos do interior vão concorrer as categorias da premiação juntamente com as peças dos grupos teatrais de Salvador. “É um processo de paridade de concorrência que se estabelecerá entre as produções do interior e da capital, que serão avaliadas pela mesma comissão”, comemora Fabio Vidal. Para ele, esse formato remoto também rompe as barreiras geográficas para o público. “Perdemos a potência cênica do contato físico e da presença do público, mas ganhamos a possibilidade de acesso a pessoas de diferentes lugares do Brasil e do mundo”.

Os trabalhos da 28º Comissão Julgadora do Prêmio Braskem de Teatro serão coordenados por Fernando Marinho, ator, diretor teatral, artista visual e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões da Bahia (SATED/BA). Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail comissao@premiobraskemdeteatro.com.br.

BREVE CURRÍCULO DOS JURADOS

 

Ø  Aldri Anunciação

Dramaturgo, roteirista, ator e apresentador de TV. Premiado como Melhor Ator no Festival de Cinema de Brasília, em 2018, apresenta e roteiriza os programas Conexão Bahia e Conversa Preta na TV Bahia. Ele também recebeu o prêmio de Melhor Roteiro no Indie Film Festival de Memphis, em 2020, nos EUA pelo trabalho como co-roteirista do filme Medida Provisória direção de Lázaro Ramos. Defendeu doutorado em dramaturgia na Universidade Federal da Bahia (Ufba) em 2021.

Ø  Alexandra Dumas

Professora e pesquisadora com interesse nas pedagogias e poéticas negras teatrais, festejos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras. Tem doutorado e pós-doutorado em artes cênicas e é docente da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Ø  Fabio Vidal

Ator-performer, autor, diretor, professor e produtor. Mestre e Bacharel pela UFBA, é integrante do Território Sirius Teatro e participa do projeto EPICO junto a Cia de Improviso Salvador. Dirigiu os documentários “Ecoando Helisleide Bomfim” e “Visitas de Helisleide Bomfim”, além dos espetáculos Temporal, Casa Número Nada e Gbagbe.

Ø  Felipe Assis 

Artista da cena, pesquisador e curador. Mestre em Artes Cênicas pela Ufba, colabora com curadorias independentes: Programa Rumos Itaú Cultural (2017-2018), Edital Oi Futuro (2017 e 2018), MITbr curadoria vinculada à Mostra Internacional de São Paulo (2018 e 2019), MEXE (Portugal, 2019), FNT Guaramiranga (2017 e 2018). É co-criador do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia), no qual atua como coordenador geral e curador desde 2008.

Ø  Virgínia Da Rin

 Atua há 34 anos na criação, gestão e produção de projetos culturais, espetáculos e eventos nas diversas linguagens artísticas. Realizou concertos sinfônicos, óperas clássicas, espetáculos teatrais e dança, festivais, eventos especiais, shows no Teatro Castro Alves, Concha Acústica e em grandes espaços públicos.

Paula Pitta